Falando de África

Na atualidade, se faz necessário que a comunidade gaúcha e brasileira conheça o contexto histórico sobre o Continente Africano. Uma história que foi escondida da nossa sociedade, por causa de um passado escravista, mas graças à conscientização política em que nos encontramos, o Brasil está revendo suas origens e reescrevendo a história dos povos que formaram esta, que é a melhor nação do Mundo.

Assim, reuni meus artigos para uma contribuição cultural a nossa sociedade, trazendo relatos históricos, geográficos, culturais, econômicos, políticos e religiosos da África, no livro Falando de África.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Getúlio Vargas

Uma simples homenagem, pela passagem da data de sua morte. Homenagem ao Presidente que lutou até o fim pelo bem estar da nação brasileira!!!

Abaixo sua carta testamento
Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.
Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.
E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.

sábado, 13 de agosto de 2011

A Religiosidade Afro-descendente do Município de Viamão


Viamão, município localizado na região metropolitana de Porto Alegre, foi palco do evento Raízes, realizado no mês de novembro de 2007, para o qual fui convidado para falar sobre a religiosidade afro-descendente da comunidade viamonense . Um trabalho que muito me agradou, pois passei grande parte da minha vida em Viamão, onde ainda vivi o meu pai, Nilsom da Oxum, minha mãe, Graça, e meus irmãos, Tiago, Gabriela e Natália.
Inicialmente, antes de falar sobre a religião foi necessário recorrer a alguns dados estatísticos, para compreender a importância das religiões afro-descendentes em Viamão.
O município de Viamão possui uma área de 1.493 Km², com uma população, segundo o IBGE, de 226.669 pessoas, sendo que 210.873 residentes na área urbana e somente 15,796 na área rural, de Viamão.
Cruzando os dados do IBGE e os da CEDRAB (Congregação em defesa da Religião Afro-brasileira ), que segundo levantamento do ano de 2003, contou 4.000 casas de religiões afro-descendentes em Viamão, e considerando que em média cada casa possua 30 adeptos, chegamos ao numero de 120.000 praticantes, o que representa 53% da população viamonense, em números ultrapassando o município de Alvorada, que possui 114.000 praticantes, e é considerado o município com o maior numero de adeptos de religiões afro-descendentes do Brasil. Viamão só perde para Alvorada no percentual da sua população, pois em Alvorada é 62% o de religiosos.
Diferente do que foi levantado pelo IBGE, que apontou apenas 1% da população do município de Viamão, como praticante de religiões afro-brasileiras. Sendo que na pesquisa do Censo de 2000, para o IBGE, religiões afro-brasileiras são apenas a Umbanda e o Candomblé, o que foge da realidade de Viamão, assim como do próprio Rio Grande do Sul, pois além da Umbanda e do Candomblé, que chega a ser insignificante numericamente, temos outras religiões, que representam um peso numérico imenso, são elas: Quimbanda, Cabinda, Jêje, Ijexá, Jêje-jexa e Oyó. Religiosidade que pode ser apreciada no meu livro Falando de África.
Encerrando gostaria de agradecer Prof Vera Barroso, organizadora do Raízes de Viamão, ao Prefeito Alex Boscaine, que tem feito grande esforço na área educacional e cultural de Viamão, pela oportunidade de trabalhar junto a comunidade religiosa do município, o que me proporcionou conhecer e reencontrar viamonenses valorosos.  E pedir pela proteção, dos deuses e divindades das religiões afro-descendentes, Orixás, Exus, Caboclos e Pretos Velhos, para a comunidade de Viamão, que tem sofrido de mais com a perseguição religiosa de evangélicos, que por desconhecimento atacam as religiões afro-descendentes. 

Referências

CUNHA, Mateus. Falando de África. Porto Alegre: Suliani, 2007.

Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, Vol XXXIV –RS, de P a Z. Rio de Janeiro: IBGE, 1959.

SANTOS, Adonis dos. Viamão. Porto Alegre: Editado pela Gráfica Rogilma, 1962.

- CEDRAB ( Congregação em defesa da Religião Afro-brasileira ) – Mãe Norinha

Tel: (51)  32.47.10.67

- IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) 

- FEE/RS (Fundação de Economia e Estatistica do Rio Grande do Sul)

A NAÇÃO DE OYÓ E SEUS ORIXÁS (resumo)

Lutando contra os preconceitos, ainda existentes no Brasil, buscou-se um entendimento sobre a Nação de Oyó e seus deuses, os orixás, religião afro-brasileira de linha tradicional que possui atualmente um reduzido número de adeptos no Rio Grande do Sul, com suas raízes na região africana de língua yorubá, onde hoje, localiza-se os Estados do Togo, Benin e Nigéria. Como fonte, foi utilizada principalmente a oralidade de uma casa de Oyó, na região metropolitana de Porto Alegre. Comandada pelo Babalorixá Nilsom da Oxum, filho de Aracy do Odé (1878 - V2001), neto de Emília de Oiá-Lajá, que no final do século XIX, trouxe o Oyó da cidade de Rio Grande para Porto Alegre. Assim através das palavras, do Babalorixá Nilsom da Oxum, buscou-se desmistificar esta religião afro-brasileira, os seus Orixás cultuados e as relações sincréticas com o catolicismo. Poder conhecer as diferentes crenças e o papel da religião em cada cultura é fundamental para compreender a história da humanidade, vencer medos e preconceitos e estabelecer uma convivência tolerante e pacífica entre os povos.

Palavras-chave: oyó, orixás, religiões afro-brasileiras.